Foi um dia de grandes emoções no tribunal de Pretória, na África do Sul, onde continua a decorrer o julgamento de Oscar Pistorius, acusado da morte da ex-namorada Reeva Steenkamp. O atleta paralímpico prossegue o seu depoimento e hoje relatou, lavado em lágrimas, como baleou a modelo sul-africana.
Oscar Pistorius chorou em tribunal e pediu desculpas pela morte de Reeva Steenkamp
A sessão terminou com Oscar Pistorius a chorar copiosamente, depois de ter contado a sua versão do que aconteceu no fatídico Dia de São Valentim de 2013. Ao longo do seu depoimento, o velocista amputado das duas pernas chorou e arrancou lágrimas a alguns elementos da assistência, nomeadamente aos membros da sua própria família, em especial a irmã Aimee e os tios Lois e Arnold que cuidaram de Oscar Pistorius, depois da morte da mãe deste quando ele tinha apenas 15 anos.
Os pais de Reeva Steenkamp também se mostraram bastante emocionados com o relato, em particular a mãe June.
Oscar Pistorius contou como acordou a meio da noite e ouviu uma janela a abrir na casa de banho e como então “tudo mudou“, verdadeiramente e de forma trágica na sua vida. Atente nos principais extractos do depoimento do atleta…
“Foi o momento em que tudo mudou. Pensei que havia um ladrão a entrar na minha casa. Congelei, ouvi um barulho que interpretei como sendo de alguém a trepar para a casa de banho. Pensei que podiam entrar a qualquer momento. A primeira coisa em que pensei foi em armar-me, precisava de me proteger e de proteger Reeva, precisava de chegar à minha arma.
…
Quando entrei na passagem para a casa de banho estava cheio de medo e comecei a gritar para os ladrões saírem da minha casa. Gritei a Reeva para se deitar no chão… Não tinha as minhas pernas postas. Mesmo antes de chegar à parede onde os azulejos começam na casa de banho, parei de gritar porque estava preocupado que a pessoa ficasse exactamente a saber onde eu estava. Podia ser baleado. Ouvi uma porta dos sanitários a bater… Não podia ver nada lá dentro, mas era óbvio para mim que havia uma pessoa ou pessoas lá dentro.
…
Comecei a gritar de novo para Reeva telefonar à polícia… Não tinha a certeza se alguém ia sair dos sanitários e atacar-me ou subir a escada, pela janela, e começar a disparar. Por isso fiquei onde estava e continuei a gritar. Então ouvi um barulho no interior dos sanitários que interpretei como sendo alguém a sair. Antes de me ter apercebido, tinha disparado quatro tiros contra a porta. Os meus ouvidos estavam a zumbir, não podia ouvir nada, por isso gritei, continuei a gritar por Reeva para telefonar à polícia.
…
Não queria acreditar que poderia ser Reeva dentro dos sanitários. Não sabia o que fazer. Pontapeei a porta. Eu estava a chorar, a gritar. Nunca gritara assim antes… Naquele momento, só queria olhar para lá da porta para ver se era Reeva. Bati na porta três vezes e uma placa soltou-se. Agarrei nela com as minhas mãos e atirei-a para dentro da casa de banho. Vi a chave lá dentro e destranquei a porta, abrindo-a abruptamente. Sentei-me ao lado de Reeva e chorei. Não sei por quanto tempo estive lá. Ela não respirava.”
O depoimento de Oscar Pistorius terminou com o atleta a soluçar profundamente, conforme pode verificar no vídeo que se segue com parte do testemunho do campeão paralímpico.
http://youtu.be/3pvyhSLXyy4
Oscar Pistorius vomitou quando viu foto de Reeva morta
Antes, o depoimento de Oscar Pistorius tinha já sido interrompido por duas vezes; a primeira para que o atleta mudasse de roupa, no sentido de mostrar ao tribunal a forma como se movimentava sem as próteses – a defesa procurou assim demonstrar a baixa estatura do atleta e a sua vulnerabilidade sem as mesmas, já que o atleta estaria sem elas na noite em que matou Reeva Steenkamp.
Outra pausa foi motivada pela forte comoção que atingiu Oscar Pistorius quando o seu advogado de defesa solicitou que fosse exibida uma fotografia do corpo morto de Reeva Steenkamp. O atleta soluçou abundantemente, cobrindo a cabeça com os braços e vomitando.
No início do seu testemunho, Oscar Pistorius falou do facto de estar particularmente cuidadoso com a segurança naquela noite, justificando que os alarmes não estarem a funcionar devido a obras na casa.
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