Uma campanha anti-bullying promovida pelo canal de música VH1 tornou-se viral na Internet, mas está a suscitar muita controvérsia. Há quem considere que o anúncio, elaborado sob o lema “A vingança dos “nerds””, envia uma mensagem errada aos mais novos.
“Nerds today. Bosses tomorrow. Don´t bully.” [“Marrões hoje. Chefes amanhã. Não abuses.“] Esta é a mensagem final da campanha, conforme se pode constatar no vídeo reproduzido acima.
Ao som da música “I will survive” de Gloria Gaynor, várias vítimas de bullying contam os seus planos de vingança futura, enquanto são atormentados pelos colegas de escola com as mais estúpidas e violentas diabruras. Indo ao encontro de estereotipos comuns, os “nerds”, ao invés de lutarem ou de fugirem dos seus agressores, cantam, ao bom estilo de “Glee”, vaticinando como abusarão do seu poder quando forem adultos e os “bullies” trabalharem para eles.
“Nunca terão um único aumento. Terão sempre o mesmo salário até ao fim dos vossos dias infelizes. E, atrás de uma pequena secretária, dirão os vossos lamentos“, canta um dos “nerds”. Outros cantam como vão transformar os “bullies” nos seus “animais de estimação” ou em “escravos“.
“Ó meu poder, eu abusarei / Serei o CEO / Tu aquele que engraxará os meus sapatos“; “Vou telefonar-te noite e dia / E aos fins-de-semana enviarei mensagens / Perguntarei por todo o tipo de coisas / Garantindo que nunca descansarás“; são outros versos gloriosos desta “Vingança dos “Nerds””.
E há quem considere que esta ideia de vingança, em vez de travar o bullying, só “perpetua o ciclo, com as vítimas de hoje a transformarem-se nos opressores de amanhã“, conforme evidencia David Gianatasio num artigo no site Ad Week. Assim, muitos entendem que a campanha está a enviar a mensagem errada, nomeadamente alimentando a ideia de que as vítimas de bullying devem aceitar os seus tormentos porque terão a oportunidade, no futuro, de virar a mesa e fazer justiça.
Os responsáveis pela campanha, da Agência argentina Del Campo Saatchi & Saatchi, de Buenos Aires, enunciam por seu lado a importância de falar a “linguagem” dos agressores.
“A ideia da campanha é alertar as consciências sobre o bullying, falando directamente para os miúdos fixes que vêem o canal. Para chegar a eles, sabíamos que tínhamos que fazer algo mesmo original que correspondesse à personalidade e à idiossincrasia da marca e, mais importante, que falasse a linguagem que chegasse aos jovens“, constata a Del Campo Saatchi & Saatchi num comunicado.
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