A bebida que garante uma vagina com cheiro a pêssego e sabor a Coca Cola

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Nuno Borges / wikimedia

Já pensou em ter a sua vagina a cheirar a pêssegos ou a saber a Coca Cola Diet? Provavelmente nunca! Mas essa ideia foi “vendida” por dois executivos numa conferência na Califórnia, onde anunciaram ter criado um suplemento capaz de cumprir aquele desiderato.

Um anúncio que tem dado que falar, não apenas pela peculiar sugestão de que a vagina deve cheirar a pêssego, mas porque os dois homens deturparam por completo um suplemento probiótico criado por uma mulher.

Jovem descobre aos 17 anos que não tem vagina

Tudo começou na semana passada, quando os líderes das “startups” Cambrian Genomics e Personalized Probiotics, Austen Heinz e Gilad Gome, anunciaram, com pompa e circunstância, durante a conferência “New Tech Solving Big Problems” [Nova Tecnologia a resolver grandes problemas, na tradução em português], que tinham criado um suplemento probiótico que faz com que uma vagina cheire a pêssegos.

Na realidade, nem foram estes dois executivos os criadores do produto, nem este serve essencialmente para o fim que eles apresentaram. Austen Heinz e Gilad Gome apropriaram-se da ideia de uma jovem cientista feminista que criou um produto que tem como meta promover a saúde vaginal.

Produto à medida da vagina de cada mulher

Denominado “Sweet Peach” [Doce Pêssego em português] pela sua criadora, Audrey Hutchinson, de 20 anos, a referência não tem nada a ver com odores, mas simplesmente com a associação literária e popular que é feita comummente entre o pêssego e o órgão sexual feminino. A ideia desta cientista, que se descreve como “ultra-feminista”, foi criar um produto probiótico personalizado para a vagina de cada mulher, de modo a promover a sua melhor condição de saúde.

A Sweet Peach Probiotics envia às mulheres interessadas no suplemento um “kit” com indicações e instrumentos adequados para a recolha de uma amostra de fluído vaginal. Este é depois analisado e sequenciado geneticamente para identificar as espécies de microbioma (a composição micro-orgânica) que o compõem, designadamente as bactérias benéficas que o constituem. A seguir será composto um suplemento probiótico específico para cada caso que beneficie e aumente as qualidades desse microbioma, fomentando também o equilíbrio dos níveis de PH da vagina.

Desta forma, o “Sweet Peach” permitirá a redução do risco de infecções vaginais e de doenças sexualmente transmissíveis, de acordo com a criadora do suplemento. Uma realidade bem distinta da forma leviana com que Austen Heinz, que detém 10 por cento da empresa de Audrey Hutchinson, e Gilad Gome, que nem tem qualquer participação na mesma, o apresentaram.

E que tal uma vagina com sabor a Coca Cola Diet?!

Gilad Gome chegou a dizer em entrevista à Motherboard que o produto poderia “fazer com que a vagina cheire a rosas e saiba a Coca Cola Diet”. E Austen Heinz, que também anunciou que está a tentar criar um produto que faça com que o cocó de cão cheire a bananas, destacou que ajudaria a prevenir doenças psicológicas dando às mulheres “poder pessoal”, por poderem controlar o cheiro das suas vaginas, o que as ajudaria a “ligarem-se melhor consigo próprias”.

Audrey Hutchinson já lamentou que o produto que criou tenha sido “desconstruído” desta forma. “Tenho que pedir desculpa a todas as mulheres do mundo que ouviram falar disto e que querem a minha cabeça num pau”, salienta ainda a cientista em declarações ao site Inc.com.

“Uma vagina deve cheirar como uma vagina e quem não pense assim, não merece estar perto de uma”, conclui esta jovem empreendedora.

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