“Fados de Coimbra e Outras Canções” encerra a série de onze reedições da obra musical de José Afonso. É uma homenagem e também uma referência histórica que releva a forma original e autêntica de José Afonso perante uma tradição que permanentemente inovou e recriou.
Gravado com a colaboração musical de Octávio Sérgio, Durval Moreirinhas, Júlio Pereira e Janita Salomé, o disco é dedicado a seu pai e a Edmundo de Bettencourt, “o maior cantor de Fados de todos os tempos” e “um grande poeta”, como o caracterizou o próprio José Afonso numa entrevista. Com este sinal, José Afonso afastava qualquer intenção revivalista da concepção canónica do Fado de Coimbra e de tradições folclóricas estudantis que renasciam em ambientes conservadores na Academia, para reforçar a importância de inovar na tradição, um processo que Edmundo Bettencourt iniciou na forma de cantar e na introdução de cantigas populares no Fado.
José Afonso inicia as suas atividades fadistas como cantor ainda muito jovem, como estudante liceal em Coimbra. O seu repertório é variado, estendendo-se às cantigas populares. Em 1952, a revista Via Latina relevava-lhe a “voz suave e branda” que contrastava com a tradicional forma “esgoelada e gritada” de cantar o fado de Coimbra. Estava dado o mote para um processo de renovação não só do fado de Coimbra mas também da música popular portuguesa, e que viria a resultar numa obra discográfica que constitui um marco fundamental do nosso património cultural.
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