A edição deste ano do Puerto Rico Horror Film Festival exibiu no dia 17 a curta-metragem After Death. Algo perfeitamente banal, não fosse o facto desta curta-metragem ter sido escrita por um morto. E aqui não façamos confusões. Quando dizemos morto, é mesmo morto.
A versão oficial é que o guião do filme foi elaborado por uma mulher, morta, e transmitido através de uma médium durante uma sessão espírita. E aqui, vamos introduzir no texto a palavra “alegadamante”, só por precaução.
A história em si, o morto que nos perdoe, não tem grande interesse. Um jovem casal conhece-se ao som de uma determinada música, envolve-se romanticamente, até que um trágico acidente acaba por matar o rapaz. A partir daí, o indivíduo volta frequentemente do mundo dos mortos para ver a sua amada, e sempre que o faz coloca a mesma música para ela dançar. Até aqui tudo bem, mas um dia a rapariga rejeita-o e isso acaba por desencadear toda uma série de infortúnios, típicos deste tipo de filmes. Portanto, uma história banal. O interesse está na forma como ela foi relatada.
O guião foi narrado por Maria Mercé, espírito de uma mulher escrava de origem africana, que viveu em San Juan há 200 anos atrás. E o mais rocambolesco é que esta história foi contada a Maria Mercé por alguém que também já estava morto. Resumindo, After Death foi escrito por um morto, com base numa história contada por outro morto. E isto, para um filme de terror, é terreno fértil.
A ideia partiu dos produtores do filme, que quiseram fazer o primeiro filme escrito por um morto. Contactaram Angie Gutierrez, uma médium famosa em Porto Rico, que propôs a ideia aos seus espíritos. Não se sabe se Maria Mercé foi a única a responder ou se foi a única a ter uma boa ideia mas é, com certeza, o único espírito a ter o seu nome nos créditos finais de um filme. Todo este processo de relato da história foi filmado e transformado num documentário, que é exibido em conjunto com a curta-metragem. After Death não tem data de estreia no mercado internacional, pelo que poderá tentar descobri-la na internet ou, quem sabe, numa qualquer sessão espírita.
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