O norte-americano “Strange Darling”, o francês “The Soul Eater”, o brasileiro “Continente”, o indiano “Sister Midnight” e o sul-coreano “Handsome Guys” são alguns dos novos títulos que completam a programação do 18.º MOTELX, numa edição que percorre o mundo inteiro na mostra do melhor do cinema de terror da actualidade
Entre os mais de 100 filmes distribuídos por sete dias de programação arrepiante e extraordinária, o Festival traz ainda a novidade True Crime Night, com o chocante documentário “The Lie”, e uma Sessão Surpresa em parceria com a FilmTwist.
Já falta muito pouco para o tão esperado arranque de mais uma edição do MOTELX, que se prevê memorável. De 10 a 16 de Setembro, o Festival vai transformar novamente o Cinema São Jorge na casa oficial do terror e viajar por cerca de 30 países, a partir de uma centena de obras que representa a saudável e vigorosa chama da produção de género.
Depois de anunciados os filmes a exibir nas sessões de abertura e de encerramento – “Speak No Evil”, de James Watkins, e “The Surfer”, de Lorcan Finnegan (com o inigualável Nicolas Cage no papel principal), respectivamente -, entre outros poderosos e aterrorizantes títulos, o MOTELX apresenta finalmente a programação completa da 18.ª edição, afirmando a sua permanente habilidade no atravessar de diversas geografias e gerações, e na abertura para a infinita variedade de subgéneros que cabe no cinema de terror.
A acrescentar à secção Serviço de Quarto, chegam mais propostas imperdíveis em estreia nacional, como os franceses “The Soul Eater”, da dupla Alexandre Bustillo e Julien Maury, que vem ao Festival mostrar uma longa-metragem sobre o ressuscitar de uma antiga lenda que desperta uma criatura maléfica, e “Animale”, da realizadora Emma Benestan, que associa a masculinidade tóxica à tortura de animais. O cinema europeu presente neste MOTELX traduz-se ainda nos zombies filosóficos e existencialistas de “Handling the Undead”, da norueguesa vencedora do prémio Méliès d’argent em Neuchâtel (Suíça), Thea Hvistendahl; na brutalidade repugnante, filmada em plano sequência, de “One Night with Adela”, do espanhol Hugo Ruiz; e na vingança que se serve fria em “The Last Ashes”, do luxemburguês Loïc Tanson, também convidado no Festival.
Vindos do outro lado do Atlântico, destacam-se o norte-americano “The Angry Black Girl and Her Monster” – primeira longa-metragem de Bomani J. Story -, que revisita “Frankenstein”, romance de Mary Shelley, relacionando-o com a violência policial que continua a ameaçar a comunidade negra nos EUA; o canadiano “Hunting Daze”, de Annick Blanc, onde a programação volta a confrontar-nos com o tema da masculinidade tóxica; e os brasileiros “A Herança”, de João Cândido Zacharias (presença garantida no Cinema São Jorge) – um queer horror muito pessoal que funde giallo com telenovela, em estreia europeia -, e “Continente”, de Davi Pretto – uma crítica social que coabita com o terror clássico.
Prova de que o cinema indiano está em grande forma no terror, o Serviço de Quarto é ainda contaminado pelo humor afiado e transformado em pesadelo de “Sister Midnight”, de Karan Kandhari, que deu que falar na última Quinzena dos Realizadores em Cannes, e pela revelação de realidades sociais que nos escapam, no alucinante road movie nocturno “Stolen”, de Karan Tejpal. Ambos somam-se ao filme mais sangrento desta edição, o já anunciado “Kill”, de Nikhil Nagesh Bhat, e a mais títulos asiáticos imperdíveis: “House of Sayuri” (Japão), de Kôji Shiraishi, “The Cursed Land” (Tailândia), de Panu Aree e Kong Rithdee, “Do You See What I See” (Indonésia), de Awi Suryadi, e “Tenement” (Camboja), de Sokyou Chea (que o vem apresentar a Lisboa) e Inrasothythep Neth.
Este ano, o MOTELX preparou duas Sessões Duplas, com a primeira a acontecer numa sexta-feira 13 e a ser protagonizada pelo holandês “Trauma Porn Club”, de Michael Middelkoop, e pelo norte-americano “Strange Darling”, de JT Mollner – um filme contado em seis capítulos, que subverte os papéis do serial killer, com fotografia do actor Giovanni Ribisi. No dia seguinte, a double bill fica a cargo de “Handsome Guys”, de Nam Dong-hyup – remake coreano da comédia de terror “Tucker & Dale vs. Evil” -, e de “Do Not Enter”, de Hugo Cardozo – found footage do Paraguai.
Da secção Doc Terror, “Dario Argento: Panico” (Reino Unido, Itália), de Simone Scafidi, segue de perto os rituais do eterno mestre italiano do giallo e é o primeiro filme a ser exibido no 18.º MOTELX, ao final da tarde de 10 de Setembro; “Alien Island” (Chile, Itália), de Cristóbal Valenzuela Berríos, retrata a comunicação entre rádios amadoras e uma ilha habitada por extraterrestres, durante a ditadura militar chilena; e “So Unreal” (EUA), de Amanda Kramer, explora a representação do ciberespaço e os perigos ligados à tecnologia, com narração de Debbie Harry (estrela de “Videodrome” e dos Blondie), no último dia. Também a 16 de Setembro, o Festival inaugura a True Crime Night com um documentário absolutamente horrendo e chocante, “The Lie”, da realizadora britânica Helena Coan, sobre o desaparecimento de uma jovem em Auckland, na Nova Zelândia, que coloca o espectador no lugar do investigador e alerta para os perigos das relações sentimentais na era das apps de encontros.
Na segunda-feira, a despedida faz-se ainda com uma nova Sessão Surpresa em parceria com a FilmTwist e com “10 Rillington Place” (Reino Unido, 1971), de Richard Fleischer, a quinta e última obra do ciclo “A Bem da Nação: Os Filmes de Terror Proibidos pelo Estado Novo”.
“Fréwaka” (Irlanda), de Aislinn Clarke, “In The Blind Spot” (Alemanha), de Ayşe Polat – duas realizadoras que marcam presença em Lisboa -, “Planet B” (França, Bélgica), de Aude Léa Rapin, e “She Loved Blossoms More” (Grécia, França), de Yannis Veslemes, são os filmes que se juntam a “The Devil’s Bath” (Áustria, Alemanha), de Veronika Franz e Severin Fiala, e a “Oddity” (Irlanda), de Damian Mc Carthy, na competição Méliès d’argent – Melhor Longa Europeia 2024.
Outro momento particular é o encontro com Alan Jones – crítico de cinema especialista em terror, director artístico dos festivais FrightFest e Trieste Science+Fiction, e antigo DJ dos Sex Pistols – para a apresentação dos seus livros “Discomania” e “Starburst: The Complete Alan Jones Film Reviews 1977-2008”.
Assinala-se também mais uma noite épica de trivia no MOTELquiz, onde se testam os conhecimentos sobre terror e cultura pop (entrada livre, mediante pré-inscrição).
Mas antes do prato principal, o MOTELX faz um saboroso aquecimento para os sete dias muito intensos que aí vêm. O Warm-Up do Festival conta assim com a exibição de “The Terminator”, de James Cameron – 40.º aniversário -, na Sessão de Cinema ao Ar Livre (quinta-feira, dia 5 – entrada livre) e com o programa laboratorial MOTELX AV Lab co-hosted by Liquid Sky Artistcollective (sexta e sábado, dias 6 e 7), no Beato Innovation District. A 7 de Setembro, no mesmo local, decorre o AI Horror Short Film Showcase (entrada livre), e, perto da madrugada, no Village Underground, a MOTELX Warm-Up Party, também em parceria com o colectivo artístico Liquid Sky, tem preparada uma noite de batidas negras e imagens do inferno.
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