Desejar – Movimento de Artes e Lugares Comuns, 10 – 14 junho em Braga
Arranca amanhã em Braga o Desejar – Movimento de Artes e Lugares Comuns, um encontro entre arte e comunidade que celebra o poder da imaginação coletiva e nos convida a desejar novos futuros possíveis. Integrado na Braga 25 – Capital Portuguesa da Cultura, o Desejar decorre de 10 a 14 de junho e propõe uma programação intensa e gratuita, composta por treze criações originais que envolvem mais de 800 cidadãos e 60 artistas. Ao longo de cinco dias, Braga torna-se palco de uma experiência que cruza arte participativa, pensamento crítico e envolvimento comunitário, abrindo espaço para a construção conjunta de sentido num tempo que parece ter esquecido o valor do desejo.
A abertura desta Celebração do Desejar acontece com o espetáculo 85 755 t., uma criação da coreógrafa americana Allison Orr com os trabalhadores da recolha de lixo da Agere. Nesta performance singular, máquinas e pessoas partilham o palco, encenando as rotinas de quem trabalha por detrás do funcionamento diário da cidade e revelando a beleza desses gestos invisíveis. O espetáculo conta ainda com um ambiente musical original, a ser tocado ao vivo.
Ainda no dia 10 de junho, à tarde, arranca a dimensão de pensamento deste movimento. Pelas 15h30, a Diretora-Geral dos Direitos Culturais do Governo de Espanha, Jazmín Beirak, reflete sobre os direitos culturais como pilar essencial de uma política pública que se quer democrática, plural e futura. Já a 12 de junho, às 14h00, a ativista boliviana María Galindo propõe uma ação performativa em torno da pergunta “Como tirar do adormecimento o desejo de fazer revolução?”, seguida da exibição do filme Revolución Puta, realizado por si e apresentado pela primeira vez em Braga depois de passar pela Bienal de Veneza 2024.
Durante toda a semana, a cidade será percorrida por três criações em movimento, que redescobrem lugares urbanos através da memória pessoal e coletiva: Este Rio, do coletivo Guarda-Rios, olha o lugar do Rio Este na vida da cidade; Bloom&Doom – Manifestações Poéticas, de Caterina Moroni, convida-nos a uma visita guiada por uma Braga do futuro de mãos dadas com alunos da EB 2,3 de Nogueira; e Percursos Afetivos, de Cadu Cinelli, conduz o público numa viagem de bicicleta por histórias invisíveis da cidade.
Em estreia absoluta, o Desejar apresenta ainda Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no universo, da Terceira Pessoa com Neiva Maria de Almeida e habitantes de Braga, uma peça construída a partir de memórias partilhadas, e Morada Aberta, vídeo-performance de Tânia Dinis sobre as mulheres bruxas e curandeiras que resistiram no território de Braga.
No dia 13 de junho, são lançados dois objetos que documentam e prolongam o movimento: Os Cadernos do Desejar, publicação de Cláudia Galhós, e o documentário Desejantes, realizado por Joana Jorge. A encerrar o programa performativo, Golpe de Asa, criação de Sílvio Vieira com intérpretes LGBTQIA + de Braga, aborda a tensão entre tradição, identidade e invisibilidade, num gesto poético de afirmação e liberdade.
Ao longo de toda a semana, o coração do Desejar instala-se junto ao Mercado Municipal de Braga, onde o Palco Assembleia, concebido com cidadãos e cidadãs pelo Coletivo Til, recebe diariamente propostas artísticas e conversas abertas. Por lá passam o concerto de Mynda Guevara com jovens da cidade de Braga, a performance do Coro Todas as Vozes, uma peça de teatro de jornal intitulada A Cena das Notícias, e um espetáculo de cruzamento entre música e poesia com o nome Movimento Fala Solta.
//Flagra
Sê o(a) primeiro(a) a comentar