Uma série documental que mergulha nas vivências pessoais do sistema prisional português e daqueles que em torno deles e vêm forçados a gravitar
Fechado, em exibição semanalmente na RTP2 a partir do dia 28 de setembro, às 22h55, com um formato de 12 episódios com cerca de 30 minutos, apresenta as vivências pessoais do sistema prisional português, e daqueles que em torno dele se vêm forçados a gravitar.
Uma série documental que observa o sistema prisional português, que vai muito além dos números e das estatísticas. Foi desenvolvida num contexto difícil, aborda um tema complexo, em locais em que estão pessoas contra a sua vontade. Fechado, resulta de um projeto – Lado P – que juntou artistas e pessoas privadas de liberdade. Se de início, para os participantes era apenas mais uma ocupação, ao longo do tempo de filmagens, passou a ser visto como um espaço de troca de sentimentos, de pensamento e reflexão sobre o lugar de cada um dos envolvidos.
Para João Miller Guerra, realizador “a motivação era entrar numa prisão, nós tínhamos essa curiosidade, ou seja, queríamos filmar o lado de lá, porque cada vez conhecíamos mais pessoas do lado de cá ligadas a pessoas que estavam lá dentro, e sentíamos que, no fundo, as pessoas que estão cá fora estão tão presas como quem lá está dentro.”
Esta foi sem dúvida uma experiência marcante para toda a equipa envolvida. Pedro Cabeleira, realizador também mencionou o quanto este projeto foi impactante na sua vida, “a experiência foi tendo cada vez mais impacto em mim, de tal modo que, com o passar do tempo, Caxias começou a entrar nos meus sonhos.” Daniela Soares, coordenadora e diretora de produção referiu que “a dureza e a vulnerabilidade do contexto prisional estão intrínsecas na implementação do projeto e no desenvolvimento do trabalho e tornam-se totalmente indissociáveis da envolvência a nível pessoal.”
“Trabalhámos este projeto não esquecendo 3 vertentes essenciais, os indivíduos desprovidos de liberdade, as instituições e os familiares e amigos. E desta forma, procurámos mostrar como vive e se sente quem está do lado de fora, um olhar para a existência de preconceito, de marginalização”, refere Filipa Reis, coautora do Lado P e artista formadora e autora da série documental. Filipa considera ainda que esta foi uma experiência bastante enriquecedora, destacando as entrevistas realizadas como “momentos mágicos, de uma partilha e humanidade raras, não senti isto muitas vezes na vida, em que a intimidade criada com aquela pessoa te é devolvida, existe confiança e parece que chegas mais próximo da alma do outro.”
Lado P, foi um projeto foi desenvolvido no Estabelecimento Prisional de Caxias, em Oeiras, e integrou o Programa PARTIS –Práticas Artísticas para a Inclusão Social, da Fundação Calouste Gulbenkian (2019-2022),numa coprodução entre o Teatro do Silêncio e a Vende-se Filmes, tendo ainda como parceiros a World Academy, a RTP–Rádio Televisão Portuguesa, a Câmara Municipal de Lisboa e a Câmara Municipal de Oeiras.
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