Ryoji Ikeda, Lawrence Abu Hamdan, Superflex, Kode9, Kyriaki Goni, dmstfctn c/ Evita Manji, Jonas Staal e Total Refusal são alguns dos nomes em destaque
O INDEX – Bienal de Arte e Tecnologia regressa a Braga de 9 a 19 de Maio com uma proposta de reflexão sobre o conceito de “Coexistência”. Reconhecendo a tecnologia como um dos elementos disruptores dos tempos actuais, a 2.ª edição da Bienal pretende ainda destacar o seu potencial enquanto instrumento ao serviço da democracia, da liberdade, da ética e do respeito pelo humano e pelo não-humano.
A concretização deste propósito materializa-se no diversificado programa hoje anunciado, construído com base em 4 eixos temáticos, que conta com direcção artística de Luís Fernandes, que assume também a frente do programa performativo, e co-curadoria de Liliana Coutinho (curadora e programadora) no programa de pensamento, Mariana Pestana (arquitecta e curadora) nas exposições, e Sara Borges (programadora de mediação e participação Theatro Circo e Circuito) na mediação.
Ao todo, são cerca de 50 propostas que representam uma ampla gama de práticas artísticas contemporâneas focadas na relação entre arte e tecnologia, e que percorrerão locais como Theatro Circo, gnration, Mosteiro de Tibães, Museu Nogueira da Silva ou Galeria do Paço – Reitoria da Universidade do Minho.
Já confirmados estão Ryoji Ikeda, conceituado artista sonoro e visual japonês que sobe ao palco do Theatro Circo para o novo live-set “Ultratronics”; Lawrence Abu Hamdan, vencedor do Turner Prize, estreia em Portugal “Air Pressure”, conferência-performance que aborda questões relacionadas com a violação do espaço aéreo Libanês pela força aérea Israelita; Synspecies (Elias Merino e Tadej Droljc) apresentam o espectáculo audiovisual “ASBU” que explora a ideia de “além humano”; Kode9 regressa a Braga para apresentar “Escapology”, projecto audiovisual sci-fi que permite especular sobre realidades alternativas; a produtora Evita Manji e o duo dmstfctn apresentam a recém estreada colaboração centrada na ideia de folclore IA. Do programa faz parte ainda a “Ode ao INDEX”, resultante da encomenda feita à Orquestra (comunitária) de Dispositivos Electrónicos e aos alunos da Berklee College of Music de Valência.
No campo expositivo, referenciando directamente o 50.º aniversário do 25 de Abril, celebra-se a luta pela igualdade de direitos e liberdades. Os trabalhos expostos destacam a arte, a imaginação e a ficção como formas de resistência e revolução ideológica. Em vários locais da cidade de Braga vão poder ver-se “Empire’s Island”, de Jonas Staal; “Hardly Working”, do colectivo de guerrilha media pseudo-marxista Total Refusal, que recicla o jogo “Red Dead Redemption 2” para criar uma nova narrativa política; “The Future Light Cone”, da artista sediada em Atenas, Kyriaki Goni, centrado em seis grandes tapeçarias pertencentes à sua série Martian Landscapes, acompanhadas por doze desenhos, um vídeo e um cubo de tungsténio, entre outras propostas.
Nas conferências e debates são abordadas questões como a integração de inteligência artificial na sociedade, os desafios políticos das tecnologias actuais e a importância do whistleblowing para expor irregularidades sociais, económicas e políticas, entre outros focos de pensamento, com a presença de especialistas e pensadores de renome internacional como Sénamé Koffi Agbodjinou, Steve Goodman, Lawrence Abu Hamdan, Teresa Castro, Frédéric Neyrat, entre outras autorias.
“A celebração dos 50 anos do 25 de Abril serviu de mote para pensarmos sobre o significado de liberdade na atualidade, e no importante papel que a tecnologia desempenha nessa definição. Com a exploração da ideia de Coexistência propomos um alargar do entendimento dessa mesma definição de liberdade, que nos parece fundamental nos tempos em que vivemos”, afirma a direcção artística do INDEX, na voz de Luís Fernandes. Uma coexistência com “uma visão para além da antropocêntrica, onde o não-humano se constitui como um agente fundamental”, uma coexistência que só poderá sobreviver se preservar um horizonte utópico em permanente mudança.
Depois da estreia em 2022, o INDEX continua alinhado com o objectivo maior de explorar as relações entre arte e tecnologia, promovendo o diálogo, a reflexão e a prática sobre as questões emergentes nestas áreas. Este ano, de 9 a 19 de Maio em Braga, vê-se, ouve-se e pensa-se a “Coexistência” na intersecção da arte, tecnologia, democracia e liberdade.
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