Não vem das Caraíbas nem deixará um rasto de destruição, mas já deu várias voltas ao mundo e continua tão viva e ativa como da primeira vez em que foi encenada. “A Tempestade”, de William Shakespeare, chega ao Teatro Municipal de Matosinhos-Constantino Nery com a assinatura de João Garcia Miguel e a interpretação de António Pedro Lima, David Pereira Bastos, Sara Ribeiro e Vitor Alves Silva, procurando precisamente refletir sobre a longevidade e perenidade deste superclássico da dramaturgia mundial.
Primeira peça de um ciclo que a Companhia João Garcia Miguel dedica ao amor, “A Tempestade” teve estreia em Aveiro e passou pela última edição do Festival de Teatro de Almada, partindo do texto original de Shakespeare para uma investigação sobre o que de enigmático e misterioso se preserva num texto clássico, sobrevivendo às tempestades humanas e naturais. Próspero e Miranda ainda vivem, afinal, a mesma história de amor e vingança que o dramaturgo inglês escreveu, mesmo se as palavras mudaram e se traduziram incontáveis vezes.
Obra performativa que relê o texto clássico e o perverte artisticamente, “A Tempestade” de João Garcia Miguel mantém do original o tom conspiratório, a força selvagem dos instintos animais que animam o homem e o poder da ambição, contrapondo-os aos tumultos interiores e exteriores, às borrascas emocionais que permanentemente alteram as disposições humanas. “Nas forças opostas em confronto, nas zonas de contacto, entre a vida e a morte, na carne que se move por dentro do sonho inconsciente. São essas forças fundidas que emergem do nervo à carne, daí para a pele e que a pouco e pouco se espalham pelo mundo que vamos em busca de interrogar”, lê-se no texto de apresentação do espetáculo, que se propõe ser “uma reinvenção do nosso tempo comum”.
4 de outubro às 21h30 no Teatro Municipal de Matosinhos-Constantino Nery.
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