Em 2014 um estudo sugeriu que o uso de Viagra poderia estar associado a um risco aumentado de desenvolver melanoma – uma das formas mais perigosas de cancro de pele – e isso provocou um grande alarme nos media e um grande stress nos consumidores do medicamento.
Felizmente para os consumidores dessa cura popular para a disfunção erétil, um outro estudo, publicado em 2015, comprovou que o medicamento pode sim causar alguns efeitos secundários, mas o cancro de pele não está entre eles.
Uma análise rigorosa de mais de 20.000 registos médicos concluiu que os medicamentos de disfunção erétil, como Viagra, não são uma causa de melanoma, apesar do maior risco da doença estar entre os consumidores desses medicamentos. Em vez disso, neste mesmo estudo, os pesquisadores da NYU Langone Medical Center descobriram um facto bastante interessante: O provável aumento do risco de melanoma maligno está relacionado com a situação socioeconómica e o estilo de vida do indivíduo que desenvolve a doença.
“O que os nossos resultados do estudo revelam é que os grupos de homens que são mais propensos a ter melanoma maligno são aqueles que dispõe de um maior rendimento monetário e possuem um nível de educação superior – homens que provavelmente também podem pagar mais por férias ao sol – e neste caso os dados se confundem, porque esses são os mesmos homens que também têm poder aquisitivo para a compra de medicamentos para a disfunção erétil, que são bastante caros”, disse o Dr. Stacy Loeb, o investigador principal desse estudo.
“Existem critérios que podem ajudar a determinar se X causa Y, ou neste caso, se mais prescrições de Viagra, Levitra e Cialis levam a um maior risco de melanoma”.
Inicialmente a equipa de Loeb observou os chamados super-consumidores dos medicamentos para a disfunção erétil – os indivíduos que receberam mais de seis prescrições de Viagra, Levitra ou Cialis. Eles não encontraram nenhum risco elevado de melanoma associado ao aumento do consumo.
Então, eles observaram o que é bastante conhecido nos círculos médicos como “resposta à dose”. Se uma droga tem uma meia-vida mais longa no corpo do consumidor, tal significa que ela circula por um longo período de tempo antes de ser expelida, ou seja, ela está associada a um maior risco de eventos adversos. Mas, mais uma vez, não houve diferença no risco de melanoma entre os homens que utilizaram quaisquer dos medicamentos testados, incluindo o Viagra.
Embora os medicamentos para a disfunção erétil possam não aumentar o risco de cancro de pele, diversas pesquisas revelaram efeitos colaterais, incluindo o Viagra, tais como dores de cabeça, náuseas, dores de estômago, perda de audição temporária e, em casos raros, daltonismo. No entanto, na maioria dos casos esses efeitos são temporários.
Mesmo assim, Loeb disse que, em geral, os medicamentos para a disfunção eréctil são medicamentos seguros. Um relatório detalhado sobre os resultados da pesquisa foi publicado no Journal of the American Medical Association.
Importa ressalvar que Loeb não recebeu nenhum apoio financeiro de nenhum fabricante de medicamentos para a disfunção erétil para a elaboração do seu estudo. Contudo, obteve apoio de diversas instituições, incluindo o Conselho Sueco de Pesquisa e a Fundação de Cancro Sueco. Loeb afirma que a sua motivação principal foi o desejo de orientar os seus pacientes para tomarem a decisão certa – e aconselhá-los adequadamente sobre a melhor forma de combater o cancro de pele.
Embora o melanoma represente menos de dois por cento dos casos de cancro de pele a cada ano, a doença é responsável pela maioria das mortes por cancro de pele. De acordo com as estimativas mais recentes do American Cancer Society, cerca de 9.940 pessoas podem morrer de melanoma a cada ano; e 6.640 deles são homens.
Referências:
- Key Statistics for Melanoma Skin Cancer – URL: cancer.org
- Report: Viagra Doesn’t Cause Melanoma But The Viagra Lifestyle Might – URL: forbes.com
- Efeitos secundários do Viagra – URL: euroclinix.net
Sê o(a) primeiro(a) a comentar