“Agora posso ser totalmente quem sou”. A revelação do actor que se celebrizou como Ellen Page em filmes como “Juno”.
Elliot Page, o novo nome do actor que se celebrizou como Ellen Page, faz história como o primeiro homem transgénero a ser capa da revista Time.
Depois de se ter assumido como pessoa transexual no final de 2020 e de ter pedido para passar a ser tratado como Elliot Page, o actor faz revelações sobre a sua transição naquela publicação.
“Agora sou totalmente quem sou neste corpo”, conta Elliot Page, revelando que já passou pela cirurgia de remoção dos seios.
O actor sente-se com mais energia e entusiasmado com o regresso ao cinema, esperando por novos papéis.
Sobre o passado, recorda como se sentiu alienado pelos padrões rígidos de Hollywood. Uma amiga próxima, Alia Shawkat, que contracenou com ele no filme “Whip It”, de 2009, onde ainda aparece como mulher, conta que a atenção que recaiu sobre Page após o sucesso de “Juno” foi avassaladora.
“Ele viveu tempos difíceis com a imprensa e as expectativas. Veste isto! Parece-te desta forma! E isto é sexy!”, nota Alia Shawkat citada pela Time.
O actor faz referência à capa da Time numa publicação no seu perfil do Twitter, com uma mensagem de activismo pela causa trans.
“Com grande respeito por aqueles que se revelaram antes de mim, gratidão pelos que me apoiaram e grande preocupação pela geração de jovens trans que temos de proteger, por favor juntem-se a mim e critiquem legislação anti-trans, ódio & discriminação em todas as suas formas”, aponta Elliot Page.
With deep respect for those who came before me, gratitude for those who have supported me & great concern for the generation of trans youth we must all protect, please join me and decry anti-trans legislation, hate & discrimination in all its forms. pic.twitter.com/5yr8TYywTn
— Elliot Page (@TheElliotPage) March 16, 2021
Pandemia acelerou a transição de Ellen Page para Elliot
Em 2014, Page assumiu-se como homossexual depois de ter sentido que sair do armário seria “impossível” por causa da sua carreira.
Importa perceber que a identidade de género e a orientação sexual são coisas diferentes. Mas, naquela altura, Elliot Page ainda estava em processo de auto-reconhecimento.
Num discurso emocionante feito então, numa conferência sobre Direitos Humanos, Page falou de Hollywood como uma indústria com “padrões esmagadores” para actores e espectadores.
“Há estereótipos generalizados sobre masculinidade e feminilidade que definem como todos devemos agir, vestir-nos e falar. E eles não servem a ninguém”, apontou Page.
O actor começou a optar por usar fatos nas passadeiras vermelhas e casou com a coreógrafa Emma Portner em 2018.
Apostou também na produção dos próprios filmes com histórias LGBTQ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgénero e Queer) como “Freeheld” (Amor e Justiça, 2015) e “My Days of Mercy” (Os Meus Dias de Compaixão, 2017).
Page protagonizou os dois filmes, impondo como condição para continuar a fazer o seu trabalho no cinema a obrigatoriedade de usar roupas ditas masculinas.
“A diferença entre como me sentia antes de me assumir como gay para depois foi massiva. Mas o desconforto no meu corpo alguma vez foi embora? Não, não, não, não”, conta o actor na Time.
A pandemia acabou por ser essencial no processo de transição de Elliot Page. Nesse período, também se separou da companheira, tendo o divórcio sido confirmado no início de 2021.
“Tive muito tempo sozinho para me focar, realmente, nas coisas que penso que estava a evitar, de muitas formas e inconscientemente”, refere na Time.
“Finalmente, fui capaz de aceitar ser transgénero”
Inspirado por ícones trans como Janet Mock e Laverne Cox que fizeram sucesso em Hollywood assumindo a sua identidade de género e por escritores que falam desta temática, a “vergonha e o desconforto” acabaram por dar lugar à auto-consciência, como destaca Elliot Page na revista.
“Finalmente, fui capaz de aceitar ser transgénero e de me permitir tornar-me totalmente quem eu sou”, conclui o actor.
Em paz consigo mesmo e com a sua decisão, Elliot Page também fala da remoção dos seios como algo decisivo.
O actor trata de notar que ser transgénero não tem nada a ver com cirurgias. Algumas pessoas trans não as consideram necessárias, enquanto para outras são importantes e para muitas são demasiado caras.
Mas para a Elliot Page foi um processo importante, pois, finalmente, diz que se reconhece quando se olha ao espelho. “Transformou completamente a minha vida”, conclui.
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