Meghan e Harry partem a louça toda: milhões, iras e estragos das revelações

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Entrevista polémica dos Duques de Sussex a Oprah Winfrey está a mexer com o mundo e sobretudo com a família real britânica.

A badalada entrevista exclusiva do Príncipe Harry e de Meghan Markle a Oprah Winfrey foi, finalmente, emitida nos EUA. Claro está que garantiu um recorde de audiências à CBS, bem como uma boa maquia de dinheiro ao canal.

Também Oprah facturou bem com o exclusivo enquanto a família real britância leva com os casos da polémica, pois as revelações de Harry e Meghan não a deixam bem na fotografia.

As principais revelações da entrevista de Meghan e Harry

Meghan surge na entrevista a Oprah com um vestido preto da marca Armani que custa mais de 3 mil euros, e com uma flor de lótus como motivo decorativo que é vista como um símbolo de rejuvenescimento e da resiliência.

Além desse simbolismo, Meghan ainda usou uma pulseira cravejada de diamantes que era de Diana e que lhe foi oferecida por Harry.

A morte trágica de Diana, quando estava a ser perseguida por paparazzi, foi um dos motivos que o casal avançou para o afastamento da família real, pois temia acabar da mesma forma, como vincou Harry.

O Príncipe também contou que se sente “realmente decepcionado” com o pai que não o terá apoiado como ele esperaria, notando que Charles “já passou por algo semelhante, sabe como é a dor” e “o Archie é seu neto”.

Sobre o irmão William, Harry diz que já viveram “o inferno” juntos, mas que estavam “em caminhos diferentes”.

“O tempo cura tudo, espero”, acrescenta sobre o eventual restabelecer de relações de proximidade com o pai e com o irmão de quem se assumiu afastado.

Já para a Rainha, tanto Harry como Meghan deixaram elogios. Contudo, a actriz assumiu que não imaginava que, mesmo nos bastidores, tinha que fazer a vénia a Isabel II. “Achava genuinamente que isso acontecia na rua” como “parte da fantochada”, apontou.

Meghan também confessou que se sentiu “silenciada” pela família real e tão “sozinha” de forma “insuportável” que “simplesmente não queria continuar viva”. E quando tentou obter ajuda psicológica, a família real não deixou porque não ficaria bem à instituição, assegurou também.

A actriz disse ainda que o tom de pele do filho Archie foi tema de conversas entre a família real, devido a preocupações quanto a se poderia ser muito “escuro”, e realçou que ficou desiludida por o menino, “o primeiro membro de cor desta família”, não receber nenhum título real como os restantes netos da Rainha.

Meghan e Harry também revelaram que vão ser pais novamente, desta feita de uma menina.

O Príncipe notou que deixaram de receber financiamento da família real em 2020, mas que receberam a ajuda do bilionário americano Tyler Perry que lhes cedeu uma casa e segurança quando trocaram o Canadá pelo sul da Califórnia.

O que Meghan Markle disse:

Não me podia sentir mais sozinha. Havia muito pouco que me era permitido fazer.

Alguns dias antes do casamento [Kate Middleton, a cunhada] ficou perturbada com os vestidos das meninas das alianças e isso fez-me chorar. Não estou a partilhar isso sobre Kate para ser depreciativa quanto a ela. [ainda acrescentou que a duquesa pediu desculpa e que lhe levou flores e um bilhete para fazerem as pazes]

Comecei a trabalhar aos 13 anos numa gelataria. Sempre falei sobre os direitos das mulheres, o direito de podermos falar. E a ironia é que, nos últimos quatro anos, fui silenciada. Fiz tudo o que me mandaram fazer. Disseram que me iam proteger. Depois casei, comecei a perceber que não estava a ser protegida e que estavam a mentir para proteger outros membros da família.

Eu nem sabia a quem recorrer [sobre os pensamentos suicidas]. Uma das pessoas que procurei que continua a ser minha amiga e confidente era uma das melhores amigas da mãe do meu marido. Quem mais poderia entender como é realmente estar lá dentro?

Naqueles meses, quando eu estava grávida, havia preocupações e conversas sobre o quão escura a sua pele poderia ser quando ele nascesse.

A Rainha foi sempre maravilhosa. Adorei estar na sua companhia. Foi sempre calorosa e convidativa e muito acolhedora.

O que o Príncipe Harry disse:

Nunca enganei a minha avó, tenho demasiado respeito por ela. Ela é minha coronel-chefe, certo? Será sempre.

A minha maior preocupação era que a história [que aconteceu com a mãe Diana] se repetisse. E estava a ver a história a repetir-se. Não ia terminar bem para ninguém. A forma como as coisas estavam a acontecer, em específico pela raça dela. A minha família poderia ter mostrado apoio e não mostrou.

Fiquei com vergonha de dizer que a Meghan precisava de ajuda. Não tinha ninguém.

Estava encurralado [dentro do sistema e da família real]. O meu pai e o meu irmão estão encurralados. Não podem sair, e eu tenho uma enorme compaixão por isso.

Oprah factura milhões com a entrevista

A entrevista exclusiva de Meghan e Harry foi feita por Oprah Winfrey através da sua produtora, a Harpo Productions, e a CBS pagou entre 7 a 9 milhões de dólares (entre 5,8 e 7,5 milhões de euros) pelos direitos do conteúdo.

A CBS também lucrou nesse processo, cobrando 325 mil dólares (mais de 272 mil euros) por cada 30 segundos das publicidades emitidas nos intervalos da entrevista e não foram poucas!

A emissão da conversa bateu recordes de audiências, como já se esperava, sendo o segundo programa não desportivo com a maior audiência televisiva da temporada 2020/2021. O primeiro lugar vai para a estreia da série “The Equalizer”, com Queen Latifah como protagonista, que foi emitida logo depois da final do Super Bowl.

A distribuição internacional da entrevista para 70 países vai também render um bom dinheiro à CBS. A ITV britânica já terá pago 1 milhão de libras (mais de um milhão de euros) pelos direitos de transmissão para o Reino Unido.

Durante a entrevista, Oprah Winfreu tratou de notar que Harry e Meghan não receberam dinheiro para dar a entrevista.

Media britânicos em fúria com Meghan

A entrevista foi recebida com um sabor a raiva nos media do Reino Unido, até porque os tablóides britânicos são alvo das críticas do casal. As manchetes dos jornais reflectem essa fúria.

O The Daily Mail, por exemplo, procura explorar aparentes contradições da entrevista e questiona que Meghan não estaria preparada para fazer parte da monarquia britânica, enquanto publica algumas matérias abonatórias sobre a família real.

Depois do Megxit, numa referência ao Brexit e ao afastamento do casal da família real, o The Sun inventa agora o trocadilho “Megxile”, juntando o nome da actriz ao termo exílio.

“Meghan Markle pode nunca mais regressar ao Reino Unido depois de irritar a família real com uma entrevista bombástica”, escreve o jornal sensacionalista que também cita fontes do Palácio de Buckingham que receiam que o casal tenha “queimado as pontes” para uma reaproximação por não ter revelado antecipadamente à Casa Real o teor da entrevista.

Por outro lado, nos EUA, os media são bem mais bondosos com Meghan e Harry.

Aliás, antes da divulgação da entrevista, já tinha aparecido nos tablóides britânicos a notícia de que Meghan Markle teria feito bullying sobre funcionários da casa real. Nessa altura, o The New York Times pareceu desmontar a teoria com uma peça onde apontava que a acusação contra Meghan se baseia em testemunhos de fontes anónimas e em meras acusações genéricas, sem concretizar com situações específicas.

O que é certo é que o casal está definitivamente de costas voltadas para o Reino Unido.

Afinal, é nos EUA que o futuro está – e especialmente os milhões que podem ganhar com os projectos que têm em marcha, nomeadamente com os acordos estabelecidos com a Netflix e com o Spotify. A Fundação de solidariedade do casal, a Archewell, assim baptizada em homenagem ao filho Archie, também foi criada em solo americano.

Serena Williams defende a “amiga altruísta”

A entrevista do casal gerou muito burburinho e foi um dos temas mais comentados nas redes sociais dos EUA e do Reino Unido. E muitos famosos se juntaram à discussão, a larga maioria para elogiar o casal.

A tenista Serena Williams fez questão de elogiar a “amiga altruísta” e de notar que Meghan vive a vida “com empatia e compaixão”. “Ela ensina-me, todos os dias, o que significa ser realmente nobre. As suas palavras ilustram a dor e a crueldade que experienciou”, aponta ainda numa farpa à família real.

“Conheço em primeira mão as instituições do sexismo e do racismo e o uso dos media para vilipendiar mulheres e pessoas do cor, para nos minimizarem, para nos deitarem abaixo e nos demonizarem”, escreve ainda Serena Williams numa publicação no Twitter.

“Temos de reconhecer a nossa obrigação de criticar os mexericos maliciosos e infundados e o jornalismo de tablóide”, acrescenta, concluindo que “as consequências para a saúde mental da opressão sistemática e da vitimização são devastadoras, isoladoras e, muitas vezes, fatais”.

//SV

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