Na localidade de Castle Rock, na zona Norte do estado Colorado, EUA, a comunidade local de cães de pradaria, uma das maiores do Colorado, prepara-se para ser exterminada. O motivo? Um dos maiores centros comerciais dos EUA obteve luz verde para a sua construção, precisamente no local do referido habitat.
O Flagra teve conhecimento desta situação ao entrar em contacto com Dianne James, porta voz de um abrigo de cães da pradaria em Midwest, EUA, que nos pôs a par da situação e nos motivou a apresentar este caso, aqui e agora.
Talvez se 50-100 pessoas de outros países escreverem na página do Governo de Castle Rock, eles vejam que as pessoas estão indignadas por todo o mundo fora com o que estão prestes a autorizar.
Já a ambientalista e defensora dos direitos dos animais Deanna Meyer, que filmou o local das obras (ver vídeo), após contacto com a Alberta Development, empresa a cargo da construção do centro comercial, revelou qual o plano de extermínio:
O plano atual para os cães da pradaria é colocá-los numa jaula, matá-los, e enviá-los para a quinta de aves de rapina mais próxima para servirem de alimento. Todos os cães da pradaria. Centenas de famílias.
Com efeito, a população de Castle Rock e os defensores da vida animal selvagem estão indignados com a decisão do poder governamental e encontram-se, de momento, a apelar a todo o mundo para os ajudar a ganhar voz.
Note-se que este apelo não pretende impedir a construção do centro comercial, mas sim adiar o início das obras por três meses, pois a espécie encontra-se de momento a procriar e só em Maio/Junho será possível salvar estes cães da pradaria, da forma mais humana possível, realojando-os num outro terreno.
Como ajudar?
Ajudar é simples. Desde o passar a palavra, passando por assinaturas até doações, várias são as formas de ser solidário com estes animais que não conhecem fronteiras.
Comece por obter mais informação sobre o problema. Para tal, a página no Facebook criada pelo movimento de defesa é um bom ponto de partida. Também o vídeo mostrado em cima ajuda a compreender este drama.
Assine a petição criada em change.org que pede o adiamento da construção.
Caso possa contribuir financeiramente para esta causa, os activistas locais encontram-se de momento, em modo crowdfunding, a obter donativos para, legal e judicialmente, darem voz aos cães da pradaria.
Por último, passe a palavra. Partilhe. Estes animais não têm muito mais tempo de vida.
Conheça os Cães da Pradaria
Para quem não conhece bem os cães da pradaria, ou para quem os conhece somente das fotos virais de ternura, afecto e carinho entre membros da mesma espécie, note-se que os cães da pradaria são a espécie animal com a linguagem vocal mais sofisticada alguma vez descodificada pelo homem. Mais sofisticada que chimpazés, golfinhos ou orcas. Tal deveu-se à pesquisa levada a cabo por Con Slobodchikoff, um analista de comportamento animal da universidade do Arizona, que descobriu que os latidos e divertidos Wehoos (levantamento das patas dianteiras, por vezes acompanhado de salto, seguido de um nítido “WeHoo”), característicos dos cães da pradaria, permitem-lhes não só alertar a sua comunidade para determinado tipo de predador, bem como descreve-lo fisicamente no que diz respeito a tamanho, forma e cor.
Estes animais habitam em comunidade, extremamente sociais entre si, com várias famílias a partilhar as mesmas tocas, todas elas devidamente organizadas com quartos, wcs e maternidades claramente definidas.
Por serem dotados de uma gula voraz, rapidamente os agricultores, que invadiram colonias outrora pertencentes a cães da pradaria, os denominaram de praga. Tal mentalidade pervalece até aos dias de hoje. Ou seja, nos EUA estes dóceis animais, que facilmente socializam com o ser humano, são, na verdade, considerados uma praga.
Actualmente, estudos ecológicos consideraram os cães da pradaria uma espécie de extrema importancia ecológica. No reino animal, diversos animais aproveitam tocas abandonadas para se refugiarem, enquanto águias, falcões, raposas, furões, coiotes, entre outros, se alimentam de cães da pradaria. No reino vegetal, as constantes actividades dos cães da pradaria arejam o solo, permitindo maior penetração da água, e as suas fezes, ricas em nitrogénio, são um fertilizante natural que melhora a qualidade do solo, permitindo crescer uma grande quantidade de vegetação diversificada.
Não obstante, a perseguição a estes animais é continuada e, em alguns locais, até mesmo recomendada. Milhares de cães da pradaria são exterminados por ano e esta espécie, claramente ameaçada, continua a ser vista como uma praga. Várias são as petições para que a lei norte americana mude o estatuto destes animais. Todas, até hoje, sem sucesso.
Obrigado, Portugal!