José Alberto Carvalho termina jornal com discurso arrepiante: “O vírus impediu que me despedisse dela”

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José Alberto Carvalho

A sofrer pela perda de uma pessoa que lhe era querida e que dada a situação não lhe foi permitido despedir-se dela, jornalista volta a apelar aos portugueses para que respeitem as recomendações da Direcção Geral de Saúde

José Alberto Carvalho despediu-se do “Jornal da Noite” deste domingo com um discurso arrepiante. Impossibilitado de se despedir pela última vez de uma pessoa que foi importante na sua vida, o pivô da TVI chamou a atenção dos telespectadores para a realidade que Portugal e o mundo atravessam partilhando que tem mantido contacto com profissionais que estão na linha da frente a combater o coronavírus.

Num desabafo que não deixou ninguém indiferente, o pivô da TVI partilhou “Hoje foi sepultada uma pessoa da minha família, que sempre foi muito importante na minha vida. Sucumbiu aos 93 anos. Não foi vítima da COVID-19, mas o vírus tirou-me outra coisa… impediu que me despedisse dela. A cerimónia fúnebre foi reduzida, meia-dúzia de pessoas apenas, sem um abraço de conforto. Sem aquele pegar na mão para dizer força. O vírus rouba-nos até esta exigência moral de humanidade que é despedirmo-nos dos nossos mortos. E nunca, nem nos campos de batalha mais sangrentos se deixam os mortos para trás”.

Os números crescem dia após dia e o jornalista não tem dúvidas “Estamos perante uma das doenças mais devastadoras da história da humanidade. Nada tem de parecido com gripe… O médico com quem falei hoje, e os outros com quem tenho falado nos últimos dias contam-me como a esmagadora maioria deles, médicos, enfermeiros, técnicos auxiliares, condutores de ambulância, paramédicos não dormem em casa ou não se aproximam dos filhos, dos maridos, das mulheres. Sei de um que alugou uma autocaravana que tem agora estacionada ao lado de casa para não contagiar ninguéme para pelo menos poder acenar aos filhos e ver-lhes o rosto pela janela”.

“Há médicos nas unidades de cuidados intensivos não a tratar dos doentes, mas eles próprios a receberem cuidados porque são vítimas da doença… É imoral pedir aos médicos que salvem vidas, bater-lhes palmas das janelas e das varandas, e depois sair de casa sem razão, muito menos para ver como está o tempo ou a praia” afirmou o pivô da TVI no mesmo discurso.

//AR

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