“Juntos pelo Iémen” custou 16.760 euros e angariou apenas 3.238 euros.
Os valores são avançados pela revista Sábado que refere que a Câmara Municipal de Lisboa (CML) pagou 16.760 euros aos 10 artistas que participaram no evento para ajudar o país árabe que enfrenta uma grave crise humanitária.
O dinheiro angariado destinava-se a ajudar os Médicos Sem Fronteiras que actuam no país, mas esta organização de solidariedade só terá recolhido 3.238 euros com a venda de bilhetes e os donativos recolhidos no âmbito do concerto.
O evento foi organizado pela actriz e apresentadora Cláudia Semedo e contou com a participação dos artistas Ana Moura, Branko, Capicua, Carlão, Chullage, Dino D’Santiago, Márcia, Mayra Andrade, Sara Tavares e Selma Uamusse.
Cada artista recebeu mil euros pela participação no concerto, ainda segundo a Sábado. Além disso, a produção do espectáculo custou 6.760 euros.
Os artistas que participaram no concerto promoveram o evento nas suas redes sociais, falando da crise humanitária no Iémen, mas nunca apontando que seriam pagos.
A própria Cláudia Semedo reforçou “a generosidade de todos os artistas que, com a sua voz, vão tornar visível uma nação que atravessa uma das maiores crises humanitárias deste Século”, conforme cita a Sábado.
No Instagram, logo depois do concerto, Cláudia Semedo voltou a sublinhar que “há tanta gente a quem agradecer” por “ter juntado a sua voz para, em uníssono, chamarmos a atenção para uma devastadora realidade que atinge 24 milhões de pessoas, que estão reféns de uma guerra, da fome e privadas do direito a uma vida com as condições mais básicas”.
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Músicos receberam “convite com um valor associado”
Em declarações à revista Sábado, a actriz e apresentadora não comenta directamente os factos apontados na notícia, limitando-se a destacar que “ninguém vendeu nenhuma mentira ao público ou tentou “esconder” um pagamento que é público e publicado”.
Sublinhando que os artistas convidados “não precisam de amigos para terem concertos marcados”, Cláudia Semedo refere, num email enviado à Sábado, que “não foi uma iniciativa de solidariedade para com esses 10 músicos”.
“Não acha bizzaro que nos espetáculos ditos solidários todos os profissionais envolvidos recebam pelo seu trabalho menos os artistas, os que dão a cara e fazem esgotar as bilheteiras?”, questiona também Cláudia Semedo, dirigindo-se à jornalista que a contactou.
A actriz ainda nota que referiu em entrevistas que o evento solidário nasceu “Com o objetivo triplo de dar visibilidade ao que se vive no Iémen”, de “angariar fundos para as missões da ONG Médicos Sem Fronteiras” e de “dar palco aos artistas e aos profissionais das artes que, neste quadro pandémico, atravessam momentos difíceis sem os devidos apoios”.
“As autarquias têm como missão apoiar a cultura”, diz ainda, salientando que a pandemia deixou vem vincado que não existe “um sistema que proteja” os artistas, “independentemente dos descontos exemplares” que possam ter feito.
Finalmente, Cláudia Semedo reforça que os “músicos não cobraram cachet, foi-lhes feito o convite com um valor associado”.
“Agradeci a sua generosidade e volto a agradecer sempre que tenha oportunidade, porque o cachet, dividido entre os músicos que os acompanharam e a percentagem das suas equipas, foi simbólico, muito distante dos valores que normalmente cobram”, conclui.
//SV
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