Mulheres com Menopausa Precoce engravidam após tratamento com Células Estaminais Mesenquimais

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Foram divulgados os resultados de um ensaio clínico que avaliou o potencial de uma nova estratégia para o tratamento da falência ovárica prematura, vulgarmente conhecida como menopausa precoce.

O novo método consiste na aplicação direta de células estaminais mesenquimais (MSC, de Mesenchymal Stem Cells) do tecido do cordão umbilical nos ovários. Duas das participantes no estudo conseguiram engravidar de forma natural no primeiro ano após o tratamento.

O estudo em causa incluiu 14 mulheres com falência ovárica prematura, com idades entre os 26 e os 37 anos, todas tratadas com recurso à nova metodologia. Após o tratamento, as participantes foram acompanhadas regularmente durante um 1 ano, sem que se observassem efeitos adversos severos decorrentes do tratamento.

Antes do tratamento experimental, nenhuma das participantes tinha demonstrado sinais de fertilidade ou de produção de ovócitos. No entanto, três meses após o tratamento, foi possível observar sinais de atividade ovárica, quer a nível hormonal, quer a nível ecográfico, com os exames a indicar aumento de tamanho e fluxo sanguíneo dos ovários, em pelo menos seis doentes. Por outro lado, em várias participantes, foi possível observar maturação de ovócitos e inclusive a presença de ovócitos maduros. Duas participantes conseguiram engravidar de forma natural no primeiro ano após o tratamento.

“Embora seja possível aliviar os sintomas recorrendo a terapia de substituição hormonal, o problema da infertilidade nestas mulheres persiste, uma vez que a função ovárica não é restaurada. Assim, novas terapias, ainda em fase experimental, estão a ser desenvolvidas para estimular os ovários a produzir ovócitos e permitir a estas mulheres conceber naturalmente”, refere Bruna Moreira, Investigadora no Departamento de I&D da Crioestaminal.

A investigadora acrescenta ainda que “o tratamento com MSC do tecido do cordão umbilical demonstrou-se seguro e capaz de ativar a produção de ovócitos maduros em mulheres com falência ovárica prematura, representando, assim, um tratamento promissor para esta doença.”

A falência ovárica prematura, também conhecida como menopausa precoce, corresponde à perda de função ovárica em mulheres com menos de 40 anos e caracteriza-se pela ausência de menstruação e baixo nível de estrogénio no sangue. Estima-se que mais de 40% dos casos possam ser atribuídos a causas genéticas e cerca de 20-30% dos cados a processos relacionados com autoimunidade.

Além da infertilidade associada à falência ovárica prematura, os sintomas comuns incluem “afrontamentos”, que ocorrem em 75% dos casos, suores noturnos, atrofia vaginal, alteração da função urinária, disfunção sexual e perturbações do sono. Embora esta doença afete apenas 1% da população feminina com menos de 40 anos, tem um impacto muito significativo na sua saúde e bem-estar.

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