O “Dux” João Gouveia, o único sobrevivente da tragédia do Meco que, a 15 de Dezembro de 2013, vitimou seis estudantes da Universidade Lusófona, quebra o silêncio para dizer que “é um milagre estar vivo“. As palavras do jovem de 23 anos resultam de uma entrevista à revista VIP, onde a mãe de uma das vítimas questiona a sua versão dos factos.
“Estive embrulhado nas ondas como todos os outros, estive quase morto e é um milagre estar vivo. Sinto uma dor enorme e agora só quero tentar seguir a minha vida, sendo certo que esta tragédia me irá atormentar para sempre“, eis o que João Gouveia nota na VIP, recusando-se a dar grandes detalhes sobre o que aconteceu na famigerada noite na Praia dos Moinhos, no Meco.
Mas, a partir de conversas com Anabela Pereira, a mãe de Tiago Campos, de 21 anos, uma das vítimas, e tendo em conta os depoimentos do “dux” ao Ministério Público, a VIP traça aquilo que terá ocorrido.
Os jovens terão decidido fazer uma espécie de reconhecimento da zona, o que os terá levado à praia. No momento da tragédia, João Gouveia e Tiago Campos estariam a conversar em pé, enquanto os restantes cinco jovens estariam sentados no areal. A onda gigante terá então arrastado os cinco para o mar, enquanto os outros dois conseguiram desenvencilhar-se dela e chegar a terra.
Nesse ponto, Tiago Campos terá despido a capa e o colete, atirando-se à água para tentar salvar um dos colegas, e “terá sido apanhado pelo rebentar de uma onda que lhe partiu a cervical e lhe bloqueou a traqueia, motivo por que já não terá engolido água e ficado a flutuar“, conforme relata Anabela Pereira à VIP. Tiago Campos foi o primeiro cadáver da tragédia a ser encontrado e estas circunstâncias ajudarão a explicar esse facto.
João Gouveia não confirma esta versão à VIP e a sua advogada Paula Brum, que também é sua tia, nota na revista que o “dux” “foi várias vezes ao fundo e voltou à tona” e garante que ainda tentou salvar uma das colegas.
Ora, Anabela Pereira suspeita desta versão, considerando que é suspeito que João Gouveia tenha saído ileso, sem qualquer membro partido, depois de, alegadamente, ter andado na “rebentação, tipo máquina de lavar“.
“Teve o bom senso de se deixar arrastar pela corrente e conseguiu salvar-se“, conclui a advogada que lamenta que João Gouveia foi obrigado a interromper a vida académica, depois de ter sido alvo de várias ameaças de morte e inclusive de algumas agressões.
É por via de todas as suspeitas que o advogado das famílias das vítimas deverá dar entrada, nesta segunda-feira, no Tribunal de Almada, com um requerimento de nulidade do inquérito do Ministério Público, pelo facto de João Gouveia não ter sido constituído arguido, e um outro a solicitar a abertura de instrução. Os pais dos estudantes falecidos continuam a achar que há algo mais por contar em toda esta triste história.
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