A co-produção que junta Portugal e a Albânia, num filme do realizador albanês Gentian Koçi protagonizado pelos atores portugueses Edgar Morais e Rafael Morais, já está nos cinemas.
Gémeos portugueses, Edgar Morais e Rafael Morais, dão vida a Agim e Gëzim, dois irmãos gémeos, idênticos, inseparáveis, surdos e mudos, que descobrem a iminente cegueira que o destino lhes guarda.
Rafael Morais tem vindo a trabalhar com vários cineastas de renome mundial, como Nick Hamm, Luis Prieto, João Canijo, Carlos Conceição, Gentian Koçi, Matthew Mishory e Tiago Guedes, teve o seu primeiro papel de destaque na controversa longa-metragem de Marco Martins “Como desenhar um círculo perfeito” que foi a obra oficial de Portugal a concurso no 82.º Prémio da Academia de Cinema dos Óscares. Já Edgar Morais, que iniciou a sua carreira como ator de teatro na adaptação portuguesa de “A Tragédia de Júlio César” de William Shakespeare, encenada por Luís Miguel Cintra, fez a sua estreia como ator de cinema em” Daqui P’ra Frente” de Catarina Ruivo, vencedor do Prémio do Público no Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro. Desde então, tem trabalhado com realizadores como Larry Clark, Victoria Mahoney, Miguel Nunes, Robert Kirbyson, Q’orianka Kilcher, Erick Avari, Amy Rider e Julian Wayser.
Os irmãos que têm vindo a destacar-se no panorama artístico internacional, protagonizam a adaptação ao cinema de uma história baseada em factos verídicos. O que acontece a um ser humano quando todas as suas janelas de perceção são emparedadas de forma irreversível? Colocando os espetadores na curva de aprendizagem de uma nova linguagem feita de silêncios opacos, Egdar e Rafael Morais levam-nos até Tirana, nos dias de hoje, onde os irmãos, na casa dos trinta anos, vivem juntos debaixo do mesmo teto. Ana, a namorada de Gëzim, uma mulher jovem e enérgica, visita-os com bastante frequência. Uma noite, Agim está a conduzir de regresso a casa com Gëzim, quando fica com a visão turva e quase sofre um acidente fatal. Alguns dias mais tarde, no oftalmologista, descobrem que, em virtude de uma doença genética rara, ficarão cegos de forma progressiva e irreversível. Mergulhando lentamente numa muda escuridão insuportável, sem serem capazes de ver o mundo ou de se verem um ao outro, e tendo apenas Ana por companhia, diante de um café e de um novo par de sapatos, os dois irmãos veem-se confrontados com uma firme decisão.
Para o realizador albanês, Gentian Koçi, esta é uma ” história única e existencial de um drama meticuloso, sensível, penetrante e estimulante sobre a fraternidade, o amor e a comunicação, que se transforma numa alegoria cinematográfica dos próprios limites do cinema.” A vivência humana condicionada a uma irreversível privação sensorial como nunca antes vista num filme que, em 2023, arrecadou o prémio do público no Festival Internacional de Cinema de Tessalónica, o Prémio de Melhor Realização no Bergamo Film Meeting, os Prémios Golden Sun para Melhor Filme e o Prémio da Associação de Críticos da Macedónia no Festival de Cinema Europeu Cinedays e, ainda, o Prémio de Melhor Ator para Edgar Morais e Rafael Morais, no Festival Internacional de Cinema de Pristina.
Nesta alegoria cinemática dos próprios limites do cinema, há uma viagem a travar pela melancolia e por um desconforto que parece terminar apenas quando se tornar em conforto ou, quem sabe, em algo novo por descobrir.
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